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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Pausa para o café

Adultérios dos reis portugueses                                                                     



Já lá vão  doze expressões baseadas em pacotes de açúcar e é altura de tomar um café sem pensar neles.É uma luta conseguir um novo e resolvi tomar o meu café descansada sem me preocupar se conheço esta ou aquela aquela expressão. Dediquei-me a olhar para as revistas enquanto saboreava aquele gostinho acre e houve um tema que me chamou a atenção. Nada de política ,de que não percebo nada, mas de que já andamos saturados.Decidi-me por me entreter um pouco com curiosidades do passado. 

Após quase um mês depois do casamento real de Inglaterra e do recordar das relações extra conjugais dos pais do príncipe William (foi isso que vi na capa da revista) lembrei-me que os nossos reis também não foram uns santos. Na escola, antigamente, não se falava nessas coisas porque iam contra a moral e os bons costumes da época, mas hoje esses tabus felizmente passaram. Desde o nosso primeiro rei que quase todos tiveram as suas concubinas, fossem elas senhoras nobres, casada, solteiras, viúvas, criadas, prostitutas, conforme o gosto de cada um, a quem garantiam seu futuro com doações generosas de dinheiro, rendas e herdades. Os filhos bastardos, aceites por todos, recebiam cargos, títulos e uniam-se pelos casamentos a poderosas famílias. D. Afonso IV chegou a preferir o seu filho bastardo, D. Afonso, ao seu sucessor D. Dinis. De  D. Afonso Henriques, o primeiro monarca a ter amantes, a D. Dinis, um rei de grande fogosidade, a D. João V, conhecido pelas suas aventuras amorosas dentro do convento de Odivelas, a D. José e à relação com Teresa de Távora, da qual até a rainha tinha conhecimento, a D. Pedro IV, que se deixou contagiar pelos amores em terras de Vera Cruz, ou a D. Carlos que se interessava mais pelas questões da carne do que pela governação, da história oficial dos reis portugueses e dos seus casamentos de Estado com princesas de toda a Europa, esconde-se uma história de paixões arrebatadoras.
Da primeira dinastia sempre se falou do “namoradeiro” D. Dinis de quem a Rainha Isabel duvidava e com razão, e por isso a lenda lhe atribuiu a pergunta: “Ides vê-las” que teria dado origem ao nome de Odivelas. Não está confirmado mas é sugestivo..... é explicação interessante. D. Afonso III, um rei bígamo, que sendo casado com uma, casou, por razões políticas, mas com autorização do Papa, com outra mulher e ainda teve tempo para ter onze amantes.
 D. Fernando que teve um caso com uma meia-irmã e ele próprio infanticida de um filho bastardo de sua mulher (que não era flor que se cheirasse);D. Sebastião um rei a quem não se conheceu mulher e de que se fala que poderá ter sido vítima de violação, em pequeno, e se insinua ter tendências homossexuais. Dessa fama não se livrou também D. Afonso VI que, por necessidade de anular o seu casamento para a sua mulher poder casar novamente com seu irmão, o nosso D. Pedro II , foi sujeito a um escrutínio humilhante da sua vida sexual, tendo deposto contra a sua virilidade várias mulheres que descreveram a sua impotência perante todos. Narraram com minúcia e depreciação o desenho, tamanho e aparência do seu membro nada viril. Afonso VI, já sob prisão, acabou por assinar a confissão da sua impotência. O seu sucessor e irmão, pelo contrário, desfrutou de incontáveis amantes, freiras, prostitutas, criadas, negras, mulatas, de quem teve descendência farta. A mulher não achava graça nenhuma a estas infidelidades e foi afastando as rivais do paço mas teve que aceitar os filhos delas. Este rei, insaciável, ainda desfrutava da companhia de prostitutas nas suas saídas nocturnas.
D. João V conseguiu ultrapassar todos. Mulherengo inveterado, seria hoje acusado, por muitas mulheres, de assédio sexual. Nenhuma lhe escapava e era….o rei iluminado e déspota. Sobejamente ficaram conhecidos, para a História, os filhos da sua amante mais notável, a Madre Paula, mãe dos seus três filhos bastardos, mas reconhecidos pelo rei, ‘os meninos da Palhavã’ (porque foram educados no palácio onde é hoje a Embaixada de Espanha). Esbanjador das riquezas que então chegavam a Portugal, dava presentes dispendiosos e a esta e à sua descendência, D. João V, proporcionou-lhe bem-estar económico, mandando construir-lhe uma casa faustosa com tectos a talha dourada, camas forradas a lâmina de prata e jarros de prata para urinar. Ciumento de feitio e não gostando de rivais, mandou matar os amantes de uma cigana com quem se relacionou e que, pelos vistos, não se contentava com os prazeres da alcova real. Já na casa dos cinquenta ainda mandava comprar afrodisíacos para manter a centelha que até aí tinha mantido bem acesa.
Seu filho D. José, fez jus ao pai, mas infelizmente um dos seus casos deu origem a um terrível processo que fez uma família, os Távoras, serem condenados a uma morte indigna e horrorosa à qual não foi alheia a acção do Marquês de Pombal. Não reconheceu nenhum filho bastardo, talvez devido ao carácter ciumento de sua mulher D. Isabel que proibiu a presença de actrizes no palácio. De pouco serviu!
Mulheres traidoras?!
Além de D. Leonor Teles, a mais escandalosa foi D. Carlota Joaquina, assustadoramente feia, mas que ficou conhecida por ser ninfomaníaca e se suspeitar que assassinou o rei seu marido que, para não destoar da mulher, foi acusado de ser homossexual.
Segui-se-lhe D. Pedro IV, outro predador sexual , de comportamento libertino e insaciável que não  era esquisito a escolher já que o seu apetite era  insaciáve. “Levava  tudo a eito: casadas, solteiras e viúvas, de qualquer raça e condição social, a dois ou a três se as irmãs se juntassem, criadas e restantes mulheres da casa incluídas. Casado com a princesa austríaca Leopoldina, cujo sofrimento e humilhação eram partilhados pelo  povo brasileiro, D.Pedro tinha o desplante de levar mulher e amante juntas nas representações oficiais. Domitília era a amante, aquela a quem devota o seu mais escaldante amor, não deixando evidentemente de engravidar pelo caminho a sua irmã. Elevou toda a família à nobreza, tornando-a uma das mulheres mais ricas do Brasil, e quando a imperatriz Leopoldina, num último assomo de dignidade, pretende voltar à Áustria “
D. Luís um rei que gostava de escrever cartas eróticas, teve alguns casos extra-conjugais, um deles deu que falar com uma actriz, Rosa Damasceno, Mas qual Lady Di a mulher Maria Pia , pagou-lhe com a mesma moeda.
Finalmente um rei diplomata e que foi assassinado pelos seus patriotas,  D. Carlos. O que começou com um casamento feliz  acabou por ser ultrapassado pela avidez do rei, cujo comportamento chegou a ser comentado pela família no estrangeiro, penso que pela rainha Vitoria. Não era esquisito na escolha e as mulheres do povo não repugnavam à sua real pessoa que as  coleccionava sem pudor.
Foram “frescos” os nossos reis, as mentalidades eram outras e a paciência das suas consortes também. Uma plebeia insurgiu-se e hoje outras plebeias, tornadas futuras rainhas, mostram que não estão dispostas a aturar estas infidelidades reais ! Mudam-se os tempos mudam-se as vozes.
 E com tudo isto bebi dois cafés !




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