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terça-feira, 1 de maio de 2012

A confusão que vai na cabeça dos portugueses

  A Realidade Portuguesa  
   
                    ( usando as nossas expressões)                                    

                                                    


Estamos a atravessar uma altura em que andamos com muitas, demasiadas coisas a atormentar-nos.

Andamos com o "o credo na boca", ou seja, temos sempre medo de alguma coisa de correr perigo.Mas perigo de quê ? De perder o emprego, do dinheiro não chegar, de não nos pagarem ao fim do mês, de não haver o suficiente para a alimentação, de não conseguir pagar a prestação da casa ou do carro,  do medo da situação precária dos filhos, da falta de saúde e das consultas que, se forem no público, nos deixam morrer sem vaga, pela eternidade de tempo que temos que esperar, do custo dos medicamentos,   por sei lá .... são tantos os problemas com que nos debatemos que já nem o Credo nos salva, porque a verdade é que eu já não "Credo" em quase nada. A origem desta expressão  prende-se  ao tempo da Inquisição, altura em que os judeus, que se queriam fazer passar por convertidos, decoravam esta oração para , como possibilidade de escaparem à fogueira, a recitarem em frente dos seus carrascos na esperança de que acreditassem neles. A nós, nem o Credo nos vale ! Nem o crédito.
Andamos à nora  desorientados sem saber para que lado nos havemos de virar, sem saber o que fazer com a nossa vida..
Andamos com a cabeça à razão de juros pois cada vez que abrimos a TV, ouvimos nos noticiários, nos debates, na Assembleia da República ou noutros programas, cada um dizer a sua coisa, ( cada cabeça sua sentença)  desde o Primeiro Ministro até aos seus Ministros. O P.R. diz uma coisa, o Governo apressa-se a dizer outra.
Andamos com a cabeça à toa com a baralhação de números: tudo se vai resolver, o pior é a baralhada dos números que me fazem desacreditar da justiça das reguadas que levei na antiga  instrução primária em que aprendi que 2014 era antes de 2015, mas afinal salta-se do 2013 para o 2016 ( não consigo perceber mesmo nada do que estou a escrever por isso SEI que estou mesmo com a cabeça à toa). A gasolina sobe, sobe, sobe, sobe, e depois desce.

.Meteram-nos na cabeça que tínhamos que rezar para que chovesse, só que se esqueceram que, obedientes como somos, rezámos todos muito e a chuva veio até nos encharcar da cabeça aos pés quando já nos preparávamos para ir a "banhos".
Andamos  todos com a corda ao pescoço porque nos andam a comer as papas na cabeça e, por isso , segundo o que continuamos a ouvir nos media, muitíssimos portugueses andam,  a dar com a cabeça nas paredes. 
Será que não nos passa  pela cabeça que  tudo isto não tem pés nem cabeça, e que, em vez de nos limitarmos a deitar as mãos à cabeça também  não podemos  perder a cabeça , nem nos deixar subir à cabeça  toda esta terrível situação em que nos encontramos !
Temos que exigir a quem nos governa para usar a cabeça, criar condições decentes de vida, emprego, estar à cabeça  do país, equilibrando as medidas económicas com as humanitárias, deixar de vez de nos fazer andar com a cabeça à roda de angústia, preocupação, fome, desigualdades sociais cada vez mais profundas e criando clivagens que só daqui a muito tempo poderão ser ultrapassadas! E será isto possível? Asseguram- nos que sim !!!!! Será verdade ???????







sexta-feira, 6 de abril de 2012

TÁBUA RASA .....?!



FAZER TÁBUA RASA





Mais uma vez os pacotes de café, que já vão na terceira emissão de frases do quotidiano, me fazem reflectir
sobre expressões repetidas no dia a dia sem, no entanto, nos darmos conta do seu significado.
  Dizia o invólucro: Origem da expressão " tábua rasa." - Os romanos, seguidores do filósofo grego Aristóteles, diziam que a alma sem experiência era como uma tábua rasa(a  tábua rasa era uma pequena tábua de cera que não tinha nada escrito ou desenhado.) "
  O que li fez-me pensar que, apesar dos muitos percalços, não senti que a minha alma da fosse uma tábua em branco, pelo contrário, são tantas as recordações de lugares,  afectos, sentimentos, experiências, esperanças e também desalentos que esta imagem, a preto e branco, de vazio,  não existe em mim e  poucos terão essa imagem de si mesmos. Só mesmo de pequenos pormenores da vida podemos fazer tábua rasa e, mesmo esses, deixam vestígios que servem para aprendermos. Recordei pedaços importantes  que coloriram o meu percurso e o enriqueceram.


Viagens inesquecíveis, férias, lugares de lazer  calmos e belíssimos.









                                                   Da minha janela virada para o mar....




 
                                                                                    
                                           Livros de juventude agora relidos  .... ( que a crise é grande !!!)




             


Filmes antigos mas que deixavam marca

                                                                                                         
Gata em telhado de zinco quente
                     A Leste do Paraíso
Recordações de algumas das muitas terras onde vivi..........


Mar, praia e brincadeira
                                                  


Longe do país natal mas perto de casa


África sempre


Açores também
                                                            E Lisboa no fim do percurso
                                                           

                   

  Músicas que fizeram parte de acontecimentos históricos :
      

                                                                The Wall

                                     

E muitos afectos passados e presentes!


terça-feira, 27 de março de 2012

A teia





                             A teia
                         


  Estava sentada a ler quando reparei numa teia que se tinha formado bem perto de mim, tão perto que parecia renda ,e  dei comigo a parar o olhar e a meditar no sentido tão vasto e abrangente de uma palavra tão pequena mas com tantos significados diferentes: teia de ilusões, de afectos e de desenganos, teia  famíliar  mas também  de opiniões falsas, de preconceitos num circulo que faz parte da nossa vida! Podem ser teias aconchegante mas igualmente podem transformar-se em qualquer coisa que nos sufoca, asfixia e nos faz mal. 

  
       
                                      

   Parada a olhar para a aranha que, sem se importar com a minha presença ou atenção, continuava pacientemente a construir o seu circulo, compareia- a com as inúmeras  teias    que, ao longo da vida,  nós fabricamos e,com as outras em que nos envolvemos, nem sempre com a clarividência suficiente para nos apercebermos como é complicado sairmos delas.
  Temos aquelas teias que nos suspendem e aguentam no ar quando parece que o chão vai cair debaixo dos nossos pés e não temos nada a que nos agarrar. São teias quentinhas, fortes que nos servem de cama e conforto nas horas difíceis, uma teia de sorrisos, de palavras, de olhares que  transmitem encorajamento, afeição. Todas elas fazem parte do circulo que tecemos com a nossa família e amigos e aqueles, que não sendo uma coisa nem outra, deixaram um rasto indelével  no nosso caminho. São teias refrescantes, alicerces de um quotidiano, amparo e pilar da nossa existência escoras ,e protecção das nossas fragilidades. 
  As outras que nos enredaram  e manipularam, ao longo da vida, que nos fizeram tomar decisões contrárias aquelas que gostaríamos, que condicionaram o  nosso modo de estar e de ser, são um teste à nossa capacidade de as romper ou alargar de maneira a podermos respirar no meio desses fios que nos enredam.
  O que faz uma simples e inofensiva teia de aranha que, calhou estar instalada no mesmo espaço que eu, brilhando, na sua transparência, num fim de tarde primaveril, enquanto lia e ouvia a risada dos meus netos.  Foram poucos minutos de reflexão sobre ela mas aquele diálogo mudo serenou-me. A teia que construí é bastante resistente, tem alguns pontos fracos mas é como tudo na vida. É preciso saber evitá-los para não cair e continuar, com cautela, a tecer os poucos fios que já me faltam tentando não deixar fios soltos mas construindo os novos com  a esperança que sejam de boa qualidade !  É isso! A qualidade dos fios é que é essencial e, para o conseguir, tenho que utlizar uma das principais "máximas" da minha vida. Tenho que fazer economia de alma (até aqui já chegou a crise)! E, do fundo do coração agradeço à aranha o que me ensinou,com o seu trabalho lento e meticuloso!  

   

quinta-feira, 1 de março de 2012

Downton Abbey - uma série de eleição



Vale a pena ver




A série agora estreada na Sic é uma das melhores e mais encantadoras destes últimos meses. Tive a sorte de a ver num outro canal e foi uma delícia para os sentidos. Aqui sim, usam-se os sentidos. Desempenho de actores, figurinos, decoração, recriação da época tudo nos prende e. nem se sabe por onde começar a abordar os diversos aspectos, em que os enredos amorosos não constituem  os principais factores de interessel. É uma série em que apetece descobrir as várias facetas deste pequeno mundo do início do século XX ,a riqueza dos temas que nela são abordados e a recriação lindíssima.
O mundo paralelo dos criados da casa e dos patrões é um dos mais interessantes. Assistimos a  um quotidiano cheio de regras e de rituais e a uma lenta transformação de mentalidades,. Numa altura em que  ter estatuto também se media pelo número de criados de uma casa, as grandes mansões chegavam a ter  quarenta criados internos, em Downton são delicadamente caracterizados os principais.

  Personagens de uma vida difícil  e dedicada a servir os outros

 
Principais  criados da série


O mordomo


O principal criado da casa era  o mordomo, brilhantemente interpretado por Jim Carter, porte de cavalheiro mas  consciente do seu lugar, orgulhoso dele, defendendo os valores da época tão ou mais que o patrão, conscencioso e respeitado por todos.A governanta, os valetes, as criadas de quarto, a cozinheira com as suas ajudantes,os criados de libré, os lacaios, todo um submundo que vive na mesma casa mas não convive com os proprietários e, contudo, em espaços diferentes sofre das mesmas as ambições, intrigas, amores e desamores, fraquezas e segredos! U um grupo cuja existência era dedicada basicamente a garantir que outro grupo, o dos patrões, encontrasse ao seu alcance tudo o que pudesse desejar  mas  com relações, entre eles,  tão hierarquizadas que frequentemente os patrões desconheciam como as condições em que os seus criados viviam numa outra área da casa,  limitando-se, frequentemente, a só saber os seus nomes.


A "pecadora despedida"
Não que a vida para os criados não era inteiramente má. Tinham um relativo conforto, vestiam-se decentemente, tinham lugar onde dormir todas as noites, comiam bem, o que nessa altura era muito importante. mas a sua situação podia tornar-se precária e vulnerável por vários motivos, desde o interesse excessivo do patrão até qao poderem ser acusados de quase tudo tornando-se os bodes expiatórios perfeitos.O despedimento sobretudo para as mulheres era uma calamidade pois perdiam tudo : emprego,subsistência abrigo e atá perspectivas quanto ao futuro, situações que a série nos oferece permitindo sentir  o quão era frágil a sua situação em tais casos.






A fiel, dedicada Ana
 
  

       
O mundo da cozinheira....



A cozinheira, a ajudante de cozinha e o que parte para a guerra........ 
  

Ambiciosos e intriguistas

                                                                                                                     
Havia muito que fazer e necessários e trabalhavam arduamente. O dia normal, para eles, ia das seis e meia da manhã às dez da noite ou até mais tarde se, na casa, havia algum evento social.





Uma simples refeição para 10 pessoas podia obrigar ao uso e lavagem de, por exemplo, 400 pratos
copos,ou talheres.
Assistimos às cenas em que Daisy, a criada mais jovem da casa e todos os outros se atarefam a acender a lareira,engraxar sapatos,limpar dúzias de candeeiros, prepararem os pequenos almoços antes de os patrões acordarem. É um movimento incessante, silencioso e árduo para que os que dormem tenham tudo preparado mal abram os olhos. À sua espera terão os respectivos criados para os ajudarem a vestir e pentear . Em casas sem canalizações a água para as abluções  matinais era carregada escada acima em recipientes e depois de usada era retirada e transportada noutros recipientes diferentes escada abaixo. Era um trabalho pesado e difícil e que quando se tratava de banhos se tornava hercúleo.  


Limpar  mobílias, polir mesas, limpar as inúmeras habitações da casa, cortinados, pratas, espelhos, mármores, vidros,fazer camas, despejos (levados por uma escada diferente para não se cruzarem com aqueles a quem estes tinham pertencido) cozinhar, servir refeições, lavar a loiça,(algumas panelas chegavam a pesar quase 30 quilos) cozinhar, lavar e marcar roupa, engomá-la , trabalho complicado porque os ferros aqueciam depressa e tinham que ser usados rapidamente e depois trocados por outros acabados de aquecer, não esquecendo que eram utensílios pesados e era preciso pressioná-los com força para a roupa ficar perfeitamente passada. Tudo tinha que ser regularmente polido e limpo.
Algumas vezes, na série, aparece retratada a exaustiva tarefa  de limpar e polir facas e garfos que tinham que se manter brilhantes. Eram lavados, polidos, esfregados com um produto caseiramente preparado, como muitos outros, e ainda antes de guardadas as facas, para não enferrujarem eram untadas com gordura de borrego e embrulhadas em papel pardo. Para serem usadas tinham que ser novamente lavadas.!......

E é este mundo duro na sua realidade mas tratado de forma sensível e humana que nos fascina nesta série que tão bem retrata os dramas pessoais de cada um e a vivência naquele mundo escondido dos grandes salões, mas que palpita e é a base de tudo o que se passa no outro lado desta mansão que ainda tem tanto para descobrir. 



O mordomo a governanta e a criada de quarto

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Chico Buarque

Canções


As canções de Chico Buarque têm sempre uma musicalidade a que não conseguimos ficar indiferentes. Estas são só duas da sua parceria com Milton do Nascimento






segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O chá

                                    Os efeitos do chá




Sou natural de uma terra produtora de chá : o famoso chá Gorreana, produzido pela mais antiga fábrica de chá da Europa, de 1883, situada em S. Miguel- Açores, no concelho da Ribeira Grande. Os métodos utilizados ainda são os antigos e é um deleite para os olhos e para os sentidos uma visita a este pequeno paraíso um pouco "retro".

Verde, preto, vermelho, todos são ali produzidos e podem ser provados " in loco". Para além do sabor há a maravilha da paisagem! 


A vida levou-me para outras terras mas o chá foi sempre "atrás" de mim. Na família bebia-se depois das refeições para fazer bem as digestões, o de poejo era muito popular ou não fosse Alentejo....mais tarde, em Lourenço Marques, era o tempo dos chás dançantes, dos chás associados ao jogo da canasta, o chá que se ia tomar com as mães às casas das amigas enfim, agora é que percebo a quantidade desta bebida que ingeríamos. Contava-se que uma conhecida senhora do nosso meio tinha sido alvo de uma certa rudeza da parte de uma amiga e que mandou entregar a casa dessa mesma amiga uma garrafa de chá....... Foi um acontecimento comentado na altura pela "bofetada de luva branca" que foi desferida. Claro que isto foi há séculos atrás. Fez efeito?! Não sei, mas pergunto-me o que aconteceu ao chá de hoje em dia que, por mais que se tome, e a verdade é que está novamente muito na moda, deve estar adulterado porque hoje sim não faz efeito!  Como D. Catarina de Bragança se deve sentir ofendida por saber que essa bebida que levou de Portugal para a corte de Inglaterra , onde  é um símbolo quase nacional , se tornou num remédio para emagrecer, para a obstipação, para a depressão, para tudo menos para a boa-educação ! "Ó tempore ó mores", gritariam os romanos que eram um pouco rudes porque não tomavam chá (esses ao menos ainda tinham desculpa). Para todos, incluindo para mim, recomendo pois o nosso chá insular, tradicional e que, pelo que me apercebo, quando vou à minha terra, ainda tem as propriedades de antigamente.