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domingo, 22 de maio de 2011

Expressões do quotidiano e suas explicações (13).

Santinho de pau oco


Segundo a minha fonte de informação esta expressão aplica-se a quem se faz de bonzinho mas não é. Com a campanha eleitoral a começar temos por onde escolher a sua aplicação e, a quem servir o carapuço ,que o vista!
A sua origem é, todavia, mais antiga e situa-se no século XVII quando se mandavam de Portugal para o Brasil imagens de santos esculpidas em madeira rústica, com um orifício por dentro, onde se metia moedas, dizem que falsas, para serem enviadas daqui para o Brasil. 
No século XVIII a coroa portuguesa, com o rei D. João V, sempre ávido do precioso metal que lhe permitia investir em grandes projectos, nem sempre de utilidade pública mas que demonstravam , sobretudo ao estrangeiro, a sua riqueza e poder,instituiu um imposto, a quintalada,  sobre o ouro do Brasil. A quinta parte de todo o ouro, ali encontrado ,pertencia ao rei e para isso criaram-se as " Casa de Fundição" para onde o ouro era transportado e transformado em barras, retirando-se a parte que pertencia ao rei. Conta-se que um seringueiro Filipe, que foi um dos líderes de um protesto contra uma destas casas, acabou preso, mandado para Lisboa para ser executado e sujeito a uma morte vil e terrível. Arrastado por quatro cavalos foi morto por meio do garrote, forma usada e, se calhar inventada, em Espanha (onde foi utilizado nas últimas décadas do século passado para executar um chefe etarra) em que o condenado está preso, imóvel com uma argola ao pescoço que era apertada até ele soltar o último suspiro
Para assegurar a cobrança dos impostos reais e evitar o contrabando  do ouro o rei ordenou que este fosse fundido em barras e essas fossem cunhadas com as armas reais e nelas gravados o peso e o ano de fundição mas  os contrabandistas serviam-se destas imagens para esconder o ouro e fugir à fiscalização.   Donos das minas e proprietários de terras também as utilizavam para ocultar as suas riquezas e para as mandar, sobretudo as imagens maiores, para Portugal, como se fossem presentes para os seus parentes. 
As imagens religiosas ocas transformaram-se em  santos de aparência mas de interior duvidoso.




Verdadeira santa de pau oco

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