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quinta-feira, 12 de maio de 2011

Expressões do quotidiano e suas explicações (8).

 É de se lhe tirar o chapéu

Começou o calor, o sol está a resplandescente, Lisboa tem a sua bela luminosidade muito própria e nada nos convida a tirar o chapéu, mas tenho que o tirar, primeiro que tudo, ao dono do café que frequento, que hoje me disse :"- Oh minha senhora leve os pacotes de açúcar que quiser que não paga mais por isso", e além da simpatia ganhei cinco novas expressões. Daqui lhe "tiro o chapéu" por essa bonita atitude, porque é isso mesmo que esta frase significa : qualquer coisa ou atitude muito boa.  

Foi no reinado de Luís XIV, o Rei Sol, que a França disciplinou as saudações feitas com o chapéu.Este tipo de saudação  vinha do tempo do seu antecessor Luís XIII,  altura em que era  aplicada pelos salamaleques que os cortesãos trocavam inúmeras vezes entre si..Os cumprimentos podiam ser feitos com um toque na aba  da cabeça, erguendo  um pouco o chapéu, sem, contudo o retirar da cabeça, ou tirando-o inteiramente, ou fazendo-o roçar no chão, quase como uma vassoura, tudo dependendo da importância social de quem era saudado. Lembro-me de cenas do filme " Os três Mosqueteiros" onde estas saudações eram galantemente demonstradas. 
Ora Luís XIV, certamente cansado de tantas cortesias, mandou elaborar um manual de etiqueta  onde se regulava que o chapéu só deveria ser retirado em circunstâncias especiais e com movimentos que determinassem o grau de reverência ou seja:  
 Em cerimónias tirava-se o chapéu e inclinava-se ligeiramente a cabeça para frente; e nos momentos de galantaria ou então de respeito, o cidadão deveria tirar o chapéu e dar uma volta com ele por sobre a cabeça, descendo depois o braço até a aba do enfeite tocar o chão.

 Essa novidade chegou a Portugal e ao Brasil no século XVII, trazido da corte francesa talvez no tempo de D. João V (que era um grande admirador e seguidor do rei Sol), e os portugueses passaram a perguntar uns aos outros se era altura de se "tirar o chapéu". Com o passar dos tempos perdeu-se o uso de cobrir a cabeça e esta expressão
 passou a indicar apenas as situações, pessoas ou momentos considerados especiais .

A sua fisionomia não era de "se lhe tirar o chapéu"......



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