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sábado, 9 de abril de 2011

Ingrid Betancourt e o seu livro

Acabei de ler o livro de Ingrid Betancourt " Até o silêncio tem um fim" onde relata os seus seis anos de prisioneira das FARC, na Colômbia. É uma história traumática, sobretudo por a sabermos verdadeira, mas contada com discrição, elegância perante situações pessoais degradantes, intimista e que nos revela a extrema maldade que todos  abrigamos dentro de nós. Fui pesquisar o que se tinha relatado sobre ela  e pareceu- me que julgamos comportamentos e situações de vivências extremas com demasiada facilidade e futilidade. Não sei se muitos teríamos a coragem para resistir a tanto, eu pelo menos sei que não teria e admirei-a não só a ela como a todos os reféns que ali estiveram e ainda lá estão.Como O Nouvel Observateur" escreveu na sua crítica: "este é um livro simultaneamente uma confissão, o diário intimo de uma condenada, um caderno de viagem, um ensaio geopolítico, uma oração, um herbário e um empolgante romance de aventura". Polémica ou não pelo seu comportamento "egoísta e arrogante" como acusam alguns dos seus companheiros de cativeiro, parece-me uma pessoa lúcida, inteligente e pronta a admitir os eus erros. Naquela situação quem não os cometeria?!
 
Filha de um ex-senador e ex-embaixador colombiano com uma ex-miss Colômbia, Gabriel  Betancourt e Yolanda Pulecio, viveu boa parte de sua juventude em Paris, onde o pai servia como embaixador da Colômbia junto à UNESCO. Estudou Ciências Políticas no Instituto de Estudos Políticos de Paris. Seu ambiente familiar propiciou-lhe o convívio com o poeta Pablo Neruda, o escritor Gabriel García Márquez e o pintor Fernando Botero. Teve dois filhos de seu primeiro casamento na França.
Segundo uma entrevista feita em em Portugal "é uma mulher elegante e um pouco sofisticada" longe da imagem que se poderá imaginar pelos vídeos  do seu resgate ou imaginar quando conta como viveu na selva às vezes  amarrada a árvores ou presa por correntes sem espaço nem intimidade possível,  a dormir em abrigos de tábuas e zinco, a sofrer torturas e humilhações. Ingrid tem hoje  50 anos e esteve em Portugal a promover o seu livro. Nas várias entrevistas que li ,vi ou ou ouvi  falou calmamente, com emoção, sem fugir às perguntas que lhe eram feitas sobre a sua relação com os seus antigos companheiros, os seus filhos e o seu ex-marido não cedendo à tentação de avaliar as criticas que lhe têm sido feitas.

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